Desemprego ou Desempregado?
- Prof. Paulo Buhrer
- 18 de jan. de 2019
- 2 min de leitura
É fato que temos muita gente desempregada no Brasil. Falta de boas políticas públicas e privadas, geralmente, geram um caos no mercado corporativo quando o assunto é a geração de empregos.
Contudo, é um momento que merece bastante reflexão. Semana passada passei em frente a duas agências que ofereciam vagas de trabalho. Tirei uma foto do cartaz que havia na parede, com as referidas vagas. Esta semana, ao passar novamente pela agência, observei que as mesmas vagas, exatamente as mesmas, continuavam disponíveis.
Não me contive e entrei falar com os atendentes, e ouvi deles, ao perguntar se ninguém havia procurado as vagas de trabalho, que: "sim Paulo, muita gente procura. Porém, falta a elas os requisitos mínimos exigidos pelas empresas. Boa parte das pessoas não sabe nem elaborar um currículo. E principalmente, não possuem alguns cursos básicos para ocupar as vagas, ou não conseguem se expressar adequadamente na entrevista".
Portanto, nossa reflexão precisa ser, além de ajudar a difamar o governo, as empresas, que, claro, têm sua parcela de culpa, em olharmos para nós mesmos, para o que temos feito com a nossa carreira. É inadmissível alguém não ter um currículo com um mínimo de assertividade na sua confecção. Cursos nas áreas administrativas, por exemplo, muitos deles são gratuitos, e outros, custam, em média, entre 40 a 80 reais mensais.
Quando falo isso, muita gente me diz: "ah Paulo, mas as pessoas não têm 80 reais, nem a pessoa, e nem os pais, quando se trata do primeiro emprego. Se está desempregada, como é que vai ter dinheiro para fazer um curso?".
Bem, isso tem um pouco de verdade, mas, muito de mentira. No tempo em que vendi sorvete, frutas e doces, proporcionalmente aos dias de hoje, eu ganhava cerca de 30 reais por dia. Ou seja, qualquer um pode fazer o mesmo e pagar o curso, e ainda sobra grana.
Outra coisa triste, é ver os pais dizendo que não podem pagar um curso para si, ou para o filho, filha, porém, fumam dois maços de cigarro por dia, e bebem 30 latinhas de cerveja por mês. Só esse gasto pagaria uns cinco cursos todo mês.
"Paulo, muita gente não fuma nem bebe, e não tem esse dinheiro", já me disseram isso em final de palestras, quando abordo a falta de atitude e de prioridades das pessoas. Aí eu conto que, quando trabalhei como gari, não fumava, não bebia, ganhava uma miséria, no entanto, vi que reclamar não resolveria nada, e por isso, fazia alguns bicos para os parentes, como cortar grama, limpar o jardim, lavar um carro, e ganhava meu dinheirinho extra. Quem vive lamentando, também pode fazer o mesmo.
Acho que muita gente não se oferece para esses trabalhos, porque talvez alguém aceite!
Enfim, a reflexão que fica é: temos sim muito desemprego e falta de uma governabilidade pública e práticas corporativas que estimulem a geração de empregos. Mas, não sei dizer se temos mais desemprego, ou falta de qualificações e principalmente, atitudes dos desempregados.
Eu sei que em muitos locais do Brasil, as oportunidades realmente são raras, quase que inexistentes ou imperceptíveis. Todavia, onde elas existem, muita gente prefere não ver, e achar alguém ou algo para culpar, enquanto bebem uma cervejinha morna num copo americano, do bar da esquina.
Forte abraço, fique com Deus, sucesso e felicidades sempre.
Prof. Paulo Sérgio
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